quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia

A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL

A preocupação com os fenômenos psicológicos faz-se presentes no Brasil desde os tempos da Colônia, aparecendo em obras escritas nas diferentes áreas do saber e, mais tarde, durante o século XIX, em produções advindas de instituições como faculdades de medicina e de direito, escolas e seminários.

Documentos levantados sobre a contribuição da cultura colonial, no campo dos conhecimentos psicológicos revelou aspectos de modernidade e de representatividade acerca dos problemas psicológicos, tais quais o controle e a terapia do comportamento, a influência das determinações ambientais sobre a subjetividade, a necessidade de se estabelecerem condições metodológicas para garantir a objetividade do saber sobre o sujeito, o estudo dos papéis sociais, entre outros. Grande parte das matrizes culturais das doutrinas encontra-se no âmbito da cultura européia da época, embora haja também um rico aporte da tradição indígena, sobretudo no que se refere aos métodos psico-pedagógicos. No Brasil, a condição de colonização criara obstáculos ao desenvolvimento de instituições de ensino superior e pesquisa, em cujo âmbito pudesse ser organizado um estudo sistêmico acerca de determinados assuntos. As únicas instituições desse tipo presentes na época colonial, de natureza eclesiástica, como os Colégios de Artes, gerenciados pelos jesuítas, foram poucas e com finalidade restrita exclusivamente ao preparo do clero.

De modo semelhante ao que acontece em outras áreas do saber, o conhecimento psicológico no Brasil do século XIX consiste na transmissão e interpretação, mais ou menos fiel, de doutrinas elaboradas na Europa (principalmente França e Inglaterra) e nos Estados Unidos - esta última influência sendo mais evidente a partir da segunda metade do século XIX, sobretudo através da criação de instituições educacionais por grupos protestantes americanos. A sociedade brasileira desse período procura estruturar-se como uma nação ocidental moderna, lançando os fundamentos econômicos, políticos e culturais de um processo que deveria levar a realização de tal ideal. Nesse sentido, o passado colonial é encarado negativamente e, na medida do possível, procura-se apagar seus traços. Este é o significado, por exemplo, das Reformas Pombalinas, no campo educacional. Este fato constitui, sem dúvida, uma das razões da falta de continuidade que se evidencia entre as “idéias psicológicas” da época colonial e a “psychologia” ensinada e elaborada nas escolas do século XIX. A subjetividade assume uma grande relevância enquanto objeto de saber, e nela esbarra no estudo de várias disciplinas, desde a filosofia até a medicina, assim como por ela se interessam as instâncias do poder social e político. No Brasil do século XIX, o discurso sobre a subjetividade se torna uma peça importante na estruturação da mentalidade e das práticas institucionais da nação.

Os trabalhos pioneiros de psicologia científica no Brasil, no início do século XIX, devem-se, sobretudo, a médicos e educadores. Todavia, os pressupostos teóricos que permitem a reformulação dos conhecimentos psicológicos como ciência experimental autônoma em relação à filosofia, encontra-se, ainda na segunda metade do século XIX, no pensamento dos filósofos positivistas brasileiros.

Permeada pela mentalidade positivista e, ao mesmo tempo, baseando-se na preexistente tradição de interesses pelos assuntos psicológicos - documentada pelas teses apresentadas nas faculdades ao longo do século XIX - a medicina representa, ao final do XIX, uma área particularmente propícia à constituição da psicologia científica no Brasil. Nesse período, destacam-se figuras relevantes de profissionais e pesquisadores no campo médico que dedicam sua atividade a estudos psicológicos relacionados à neurologia, à psiquiatria, à higiene mental e à criminologia e psiquiatria forense, tendo o objetivo de contribuir para a criação de uma “ciência do homem” como um todo.

O projeto de renovação da pedagogia nos moldes da ciência experimental, com base na psicologia científica recém-surgida, vem sendo realizado a partir das primeiras décadas do século XX. Um marco essencial nesse processo é constituído pela instituição dos laboratórios de psicologia experimental, ou de pedagogia científica.

Em 1958, começou a funcionar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, aquele que foi o primeiro curso de graduação em Psicologia no Brasil, criado por Lei Estadual aprovada em 1957. Com a duração de três anos, esse curso conferia aos que o concluíam o diploma de Bacharel em Psicologia, pois era de caráter predominantemente teórico e acadêmico e nenhum direito de natureza profissional outorgava ao diplomado. A Cátedra de Psicologia Educacional, passou a se encarregar do ensino de algumas disciplinas nesse novo curso, como: psicologia da aprendizagem, psicologia do desenvolvimento, psicologia da personalidade, história da psicologia e medidas psicológicas. Outra área pioneira, além da educacional, foi a da psicologia industrial.

A grande dificuldade para a aprovação da Lei residia na resistência da área médica que não admitia o psicólogo como profissional independente, principalmente na realização das funções relativas à clínica e à psicoterapia. Essa resistência da área médica apareceu novamente no Congresso Nacional, onde, foi apresentado novo anteprojeto conhecido como "Ato Médico", o qual subordina ao médico toda atividade dos profissionais da área da saúde, inclusive dos psicólogos. Finalmente, em 27 de agosto de 1962 foi sancionada a Lei nº. 4.119 que atendeu às reivindicações dos psicólogos. Essa Lei que regulamentou a profissão no País e dispôs sobre a formação do psicólogo, foi complementada pelo Parecer nº, 403/62 do Conselho Federal de Educação que estabeleceu o currículo mínimo para os respectivos cursos, a ser completado em cada universidade para a organização do chamado currículo pleno.

A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NA BAHIA

Desde 1955 o Prof. João Ignácio de Mendonça, ocupante da primeira cadeira de Psicologia na Faculdade de Filosofia, sentia a necessidade de se instituir uma formação universitária específica para o conhecimento psicológico. Coube ao Prof. João Inácio de Mendonça, no curso de Filosofia, e a Isaías Alves de Almeida, no curso de Pedagogia, a preparação de profissionais com conhecimentos sistemáticos em disciplinas específicas da Psicologia, os quais viriam a constituir os quadros necessários à implantação dos Cursos de Graduação em Psicologia.

Em 1961, mudanças na estrutura de poder da Universidade levaram o Prof. João Mendonça a enviar proposta de organização curricular e orçamento ao Conselho Departamental e ao Diretor da Faculdade de Filosofia, solicitando providências para a criação do curso de Psicologia. As marchas e contramarchas deste processo vai de janeiro de 1963 até o final de 1967. Finalmente, em 1968, o curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, foi criado pelo professor João Ignácio de Mendonça com a colaboração dos professores Manoel C. C. de Mendonça e Mercedes Cunha Chaves de Carvalho, colaboração esta logo ampliada com a formação de uma equipe composta pelos professores Romélio Aquino, Caio F. Silva de Carvalho e Eduardo Saback D. de Moraes, contou com relevante participação da Professora Carolina Martuscelli Bori.

Implantado o currículo mínimo, era necessário para sua execução que fosse ministrada a matéria Psicologia Geral e Experimental, composta por várias disciplinas. Inicialmente foram oferecidos aos alunos os conteúdos de Psicologia Geral, envolvendo tópicos da história da Psicologia, conceitos, métodos, procedimentos e técnicas. Deveriam suceder a estes conteúdos aqueles referentes aos princípios básicos de aprendizagem descritos pela Análise Experimental do Comportamento, devidamente testados em laboratório (conforme exigência do Conselho Federal de Educação para reconhecimento dos cursos de Psicologia). Para tanto seria imprescindível a instalação do Laboratório de Psicologia Experimental nos moldes do que já havia na Universidade de São Paulo. Em 1971, foi instalado o laboratório de Psicologia Experimental, nas instalações da antiga Faculdade de Medicina no Terreiro de Jesus.

Ao longo dos anos, o quadro do Departamento de Psicologia da UFBA foi enriquecido com vários mestres e doutores formados no Departamento de Psicologia Experimental da USP, ou sob a influência de docentes desse departamento. Vários ex-alunos da UFBA, que realizaram seus estudos de pós-graduação naquele departamento, encontram-se hoje trabalhando, em clínicas particulares, em agências estatais, e até mesmo em outras universidades, quer do Estado da Bahia, quer de outros estados do Nordeste.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Métodos Quantitativos

ATIVIDADE PROGRAMADA ORIENTADA


O presente trabalho consiste em duas partes. A primeira compreende uma pesquisa realizada via internet, sobre pesquisas científicas na área da Psicologia, desenvolvidas no Brasil, desde a década de 30, sendo separadas por décadas. A segunda parte consiste em uma tabulação estatística sobre a quantidade de pesquisas encontradas em cada década.

PESQUISA:

Foram encontradas três pesquisas realizadas na década de 30. São elas: Parâmetros psicométricos de instrumentos de interesse profissional; Édouard Claparède (1873-1940): interesse, afetividade e inteligência na concepção da psicologia funcional; e Medicalização, escola nova e modernização da Nação.

Encontramos apenas uma pesquisa realizada em cada uma das décadas de 40, 50, 60, 70 e 80. São elas em ordem cronológica: Psicologia do desenvolvimento - O legado de Ângela Biaggio para o Brasil; Origem e relevância de um laboratório de psicologia no Brasil na década de 1950; Contribuições da Psicologia à Higiene Mental nos Processos de Ajustamento Social: a Adaptação dos Imigrantes e Migrantes ao Novo Meio como Problema de Higiene Mental; O curso da reforma: ensino de psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e Psicologia e educação matemática: um olhar sobe as pesquisas produzidas no Brasil.

Na década de 90, entre 1990-1997, encontramos um site que faz uma análise dos 749 periódicos brasileiros realizados naquele período.

Encontramos 16 pesquisas realizadas entre 2000 e 2009. São elas: Cultura e cidade em faixa de risco; Avaliação psicológica no trânsito: perspectiva dos motoristas; Conhecimento sobre desenvolvimento infantil em mães primíparas de diferentes centros urbanos do Brasil; A avaliação psicossocial no contexto da adoção: vivências das famílias adotantes; Condições afetivo-emocionais em mulheres com síndrome pré-menstrual através do Z-Teste e do IDATE; Análise custo-benefício do reforço negativo em contingências de esquiva sinalizada; Estudo empírico dos antecedentes de medidas de impacto do treinamento no trabalho; Identidade e pluralismo: identidade religiosa em adeptos brasileiros de novas religiões japonesas; A dinâmica conjugal pós-infarto; Conjugalidade gay e lésbica e rede de apoiosocial; O uso do celular na adolescência e sua relação com a família e grupo de amigos; Variabilidade comportamental em humanos: efeitos de regras e contingências; Agressividade e o adolescente em conflito com a lei: um estudo psicanalítico; O conceito de morte em crianças portadoras de doenças crônicas; Revoluções tecnológicas e transformações subjetivas; Psicologia Ambiental: Algumas considerações sobre sua área de pesquisa e ensino.


Dados Tabelados:

Tabela 01 - A tabela abaixo mostra os trabalhos desenvolvidos no Brasil que contribuíram no desenvolvimento no campo da psicologia.


Tabela 02 - Freqüência e porcentagem da produção por década.


Gráfico - Freqüência e porcentagem da produção por década.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Língua Portuguesa

MODALIDADE ORAL DA LÍNGUA
Exemplificando através do filme realizado
para a matéria “EDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES”

A modalidade oral da língua é criativa e livre de regras gramaticais. O vocabulário utilizado geralmente é restrito, com repetição de palavras, uso de frases feitas, clichês e provérbios, emprego de gírias e neologismos, uso de onomatopéias e exclamações.

Os níveis de linguagem, do ponto de vista sociolinguístico, são divididos em função das classes sócio-econômico-culturais dos emissores, em três níveis. São eles: culto, comum (coloquial) e popular.

Apesar de os entrevistados, Lúcia Maria e Steven Portnoi, pertencerem ao nível culto de linguagem, pois têm um nível de instrução avançado, sentiram-se à vontade para se expressar através do nível coloquial.

O objetivo da entrevista era realizar uma conversa espontânea e despretensiosa e por isso, a linguagem dos entrevistados foge às formalidades e aos requintes das regras gramaticais. Percebemos o emprego de frases simples e palavras comuns, o uso repetitivo de palavras e frases, como se quisessem enfatizar o que estava sendo dito: “Tudo perde o sentido”, “Tá aqui... “Só eu que sei...”

É nítido o uso frequente de exclamações, em função das emoções desencadeadas pelas lembranças, bem como o uso de clichês “O maior professor que existe é o tempo”. Também é utilizado o emprego de palavras gramaticalmente erradas, como “Dói mermo” e “Estão me olhano...”.

Por utilizar o nível coloquial, os entrevistados conseguiram passar perfeitamente a informação desejada para os receptores de todos os níveis de linguagem.

Neurociências

HISTÓRIA DAS IDÉIAS PSICOLÓGICAS

Tendo em vista o contexto histórico atual, a avaliação psicológica vem passando por um processo de aprimoramento técnico-científico. Em pesquisas sobre o avanço de técnicas de neuroimagens na abordagem psicológica, pesquisadores como: HILGETAG, C. C. e BARBAS,H. Processos que esculpiram o cérebro. Scientific American Brasil, nº 82, pág 70 a 73 - Duetto,Março 2009; Sabbatini, R.M.E.: A Descoberta da Bioeletricidade - Revista Cérebro & Mente,Jun/Ago 1998; Sabbatini, R.M.E.: A História da Psicocirurgia - Revista Cérebro & Mente,Jun/Ago 1997; Bear, Mark F.,Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso / fundamentos parte I, cap.I; e Lambert, Kelly; Neurociência Clínica: as bases neurobiológicas da saúde /cap.1; cap. 2; cap. 3, descrevem a história desses instrumentos como também o seu avanço no que se refere à utilização nos estudos psicológicos dentro do contexto da saúde mental.

Faz-se necessária a utilização de recursos e técnicas psicológicas, como também a inserção de novas abordagens para o entendimento da saúde mental e avaliação do grau de déficits cerebrais que muitas psicopatologias desencadeiam ao longo do seu curso. Para isto, o uso da neurociência é parte importante do processo psicodiagnóstico.

A avaliação, através dos mais variados métodos e técnicas, visa a descrever e classificar o comportamento das pessoas com o objetivo de enquadrá-lo dentro de alguma tipologia, que permita ao sujeito tirar conclusões sobre os outros e, assim, saber como ele mesmo deve se comportar e agir em relação a esses outros.

Durante muito tempo, a avaliação psicológica ficou quase que restrita ao uso de testes psicológicos. Eram utilizados aqueles considerados tradicionais, ou seja, os instrumentos apresentados e ensinados nas disciplinas específicas das universidades. Com os avanços na compreensão da saúde mental e com a introdução de novas abordagens psicológicas foi possível a construção de novas técnicas – projetivas – que ampliaram o entendimento do funcionamento psíquico e da personalidade como algo dinâmico e global.

Atualmente, a avaliação psicológica é parte importante da atuação profissional do psicólogo, oferecendo amplo campo de atuação. Um dos alicerces de tal prática constitui-se em utilização de técnicas projetivas e objetivas. Neste processo, os testes psicológicos tornaram-se ferramentas essenciais, acompanhados de várias outras fontes de informações.

O psicodiagnóstico, modalidade de avaliação referente à esfera clínica, legitima o
psicólogo para a prática diagnóstica. Neste, os dados advém de fontes que vão além de
descrições de aspectos clínicos. Em uma definição mais abrangente, Cunha, Freitas e Raymundo (1993, p.5), descrevem o psicodiagnóstico como “um processo científico, limitado no tempo, que utiliza métodos e técnicas psicológicas (input), em nível individual ou não, entendendo, à luz dos princípios teóricos, os problemas, identificando e avaliando aspectos específicos, classificando o caso e prevendo seu curso possível, para comunicar resultado (output)”.

Pode-se considerar a avaliação psicodiagnóstica, necessariamente, um processo
integrado que requer minucioso trabalho de investigação das áreas bio-psico-social,
associação de eventos, clarificações e descobertas. Na área clínica busca-se um trabalho investigativo, no qual o enfoque principal torna-se o diagnóstico, prognóstico e indicação de condutas terapêuticas. Dentro da área da saúde mental, torna-se importante atingir o objetivo do diagnóstico e, para tal, o psicólogo deve estar bem qualificado e instrumentalizado. Sob estes aspectos, a utilização da avaliação psicológica em um contexto hospitalar psiquiátrico ou de saúde mental visa a englobar áreas de investigação da personalidade e aspectos neuropsicológicos envolvendo os processos cognitivos subjacentes ou não à atividade do sistema nervoso em condições normais e patológicas.

Com a avaliação através da neuroimagem, é possível incrementar o conhecimento sobre os mecanismos cerebrais subjacentes a: síndromes clínicas, sintomas específicos e déficits neuropsicológicos específicos. Em alguns casos, podem dar reforço a hipóteses etiológicas: Presença de alterações no início da doença: neurodesenvolvimento? Progressão das alterações ao longo do tempo: processo degenerativo?

Pistas a partir da natureza da alteração identificada(ex: hiperintensidades) fornecem dados que podem ampliar possibilidades terapêuticas: Ressaltar aspectos neuroquímicos que podem ser abordados com novas drogas, ressaltar áreas/circuitos mais relevantes para a ação de novas intervenções. Podem reforçar a necessidade do uso de medidas preventivas:Para evitar a progressão de alterações cerebrais.

Dentro desta perspectiva, o principal objetivo é alcançar uma maior precisão
diagnóstica e obter uma melhor qualificação da atividade profissional do psicólogo. Sendo o diagnóstico o primeiro passo a ser tomado e dele dependem as condutas terapêuticas a serem seguidas, faz-se necessário seu aprimoramento. Dependendo da acurácia do processo de avaliação, medidas serão tomadas e certamente trarão conseqüências positivas ou negativas para os pacientes, as quais poderão garantir ou não um tratamento bem sucedido e com isso a melhoria da qualidade de vida.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia

PSICOLOGIA FILOSÓFICA – PERÍODO COSMOLÓGICO
Exemplificando através do filme: "Fúria de Titãs"

A Psicologia Filosófica ou pré-científica deu-se início na Idade Antiga, entre os séculos VI e V aC, com o Período Cosmológico. A Grécia foi o berço da civilização ocidental, bem como da filosofia que dominou todo o ocidente. Os mitos gregos são marcadamente concebidos com características semelhantes ao mundo, relações e modos de vida dos homens daquele tempo. Neste período, predominou uma explicação mitológica do universo e da origem das principais significações da realidade.

O filme “Fúria de Titãs” conta o mito de Perseu, filho de Zeus (Rei do Olimpo) com uma mortal. Este filme é um exemplo perfeito de como a mitologia exprimia na forma divina e celestial todo o conjunto de relações, quer dos homens entre si, quer entre o homem e a natureza. Na mitologia, todos os deuses tinham uma conexão com algum elemento da natureza (terra, mar, ar etc), assim, todos os acontecimentos gerados pela natureza eram explicados como ações dos deuses contra os humanos.

Nesta época, os estudiosos tinham por abjetivo buscar entender e explicar o cosmo, sua composição, bem como o princípio e a lei que regiam o universo. Tinham por pressuposto que o cosmo era composto pela junção de elementos simples. E achavam que o mundo seria compreendido se este elemento fosse descoberto. Foi dado o nome de Elementismo ou Anatomismo ao método de busca da verdade através da redução do elemento mais complexo no mais simples.

Existem cinco filósofos que são considerados como os principais deste período. Tales de Mileto (640 a 584 aC.) é considerado o primeiro pensador do ocidente. Muito preocupado com o movimento e transformação das coisas, sentiu necessidade de buscar o elemento que permanecesse estável apesar das mudanças, tendo uma atendência elementista. Para ele, este elemento era a água, pois ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. Apesar de ter identificado a água como elemento componente de todos os seres vivos, não conseguiu identificar o elemento gerador do universo.

Eráclito de Éfeso (540 a 475 aC.), ao contrário de Tales de Mileto, dava mais ênfase ao processo, à dinâmica, do quê ao elemento estático. Acreditava não existir nada duradouro e estático no universo, e que com o tempo tudo se transformava em seu oposto. Considerava a guerra, o conflito, a luta e a contradição como a própria essência do devenir (dialética). E por ser um agente trasnformador, via o fogo como o elemento básico de universo. Sua principal contribuição à Psicologia moderna, foi mostrar que o psicólogo trabalha com processos mutávies e não unidades fixas.

Pitágoras de Samos (570 a 496 aC.) acreditava que o elemento permanente do mundo encontrava-se nos princípios matemáticos, por estes serem intemporais e imóveis, e expressarem as relações físicas e numéricas das coisas, dentro de um ordem rítmica, gerando harmonia. Procurou descobrir a ordem que regia o mundo, através destes conceitos matemáticos. Acreditava que o conceito de harmonia existente no cosmo, também deveria regir as relações humanas. Considerava a alma imortal, preexistente e distinta do corpo. Suas teorias foram importantes para a psicologia, pois o uso dos métodos quantitativos foi de suma importância para fazer dela uma ciência.

Anaxágoras de Clazômenas (499 a 428 aC.), acreditava na existência de uma diversidade de elementos, as homeomerias, ou sementes que traziam em si as substâncias geradoras de todas as coisas. Dizia que “tudo está em tudo, pois em cada coisa há uma parte de todas as outras”. Acreditava na existência de uma força divina, transcendente e superior (Nous), considerada como o espírito ordenador do universo, uma espécie de fluido universal que fazia a união das diferentes partículas, gerando a diversidade dos seres. Sua idéia de disposição e ordem dos elementos no todo fundamentaram a Gestalt, uma das escolas psicológicas do século XX.

Demócrito de Abdera (460 a 370 aC.) é considerado o último e verdadeiro elementista do período cosmológico. Considerava que o universo era composto por átomos indivisíveis que se moviam costantemente. Acreditava que as pessoas eram constituídas de átomos de alma e átomos de corpo, que eram qualitativamente idênticos mas se distinguiam pela velocidade dos movimentos, e que a alma por ser constiuída de átomos, estava sujeita à morte. Por isso, é considerado o criador da primeira psicologia materialista lógica. Acreditava também que “agentes externos” determinavam os pensamentos e atos do homem, assim como todos os acontecimentos da sua vida. Desta forma, influenciou o Behaviorismo, que acredita que estímulos externos determinam o comportamento humano.

Talis, Heráclito e Anaxágoras, apesar de possuírem tendência elementista, não conseguiram identificar o elemento básico gerador do universo. Pitágoras encontrou nos números o elemento permanente do mundo. Entretanto, Demócrito foi o filósofo que mais contribuiu ao Período Cosmológico, focando nas teorias elementista\reducionista e atomista, que foram o foco central da discussão gerada na época.

Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia

PSICOLOGIA FILOSÓFICA - PERÍODO ANTROPOCÊNTRICO
Exemplificando através do filme: “O NOME DA ROSA”

O Período Antropocêntrico se deu entre os séculos IV aC e IV dC. A preocupação dos pensadores nesta época era conhecer o homem, seus processos mentais e o funcionamento da sua integração social. Os principais questionamentos desta época foram “Como conhecemos” e “Como podemos conhecer”. Questionamentos estes, que foram inicialmente de ordem epistemológica e posteriormente se tornaram de ordem psicológica.

Os Sofistas eram professores ambulantes que percorriam as cidades ensinando as ciências e as artes aos jovens, e foram os primeiros pensadores a se preocuparem com estas questões chaves da época. Queriam substituir a educação tradicional que visava formar guerreiros e atletas, por uma educação que focava na formação do cidadão. Acreditavam ser impossível se estar seguro de que realmente se conhecia algo, pois não havia onde se buscar os critérios para se definir algo como bom ou mau, falso ou verdadeiro. Os principais pensadores Sofistas são Protágoras e Górgias.

Dentre os principais filósofos clássicos, destaca-se Sócrates de Atena (436 a 336 aC), que foi um dos mais conhecidos filósofos gregos. Muitas vezes confundido como sofista, também se dedicava à educação da juventude. Acreditava que o conhecimento que provém do meio que nos cerca é imperfeito, pois é percebido através dos sentidos e, portanto, sujeito a ilusões. Segundo ele, o único conhecimento real que poderia ser obtido era o do “próprio eu” e que esta busca levaria a uma vida virtuosa. Acreditava que o objetivo da filosofia era a educação moral e ética do homem. Sua pedagogia não era baseada na imposição das idéias, pois buscava descobrir a verdadeira essência das coisas através do diálogo crítico (dialética). Para ele, admitir a própria ignorância era o ponto de partida para se adquirir o conhecimento. “Só sei que nada sei”

Platão de Atenas (427 a 347 aC) foi aluno e intérprete de Sócrates. Também concebia o conhecimento advindo dos sentidos como imperfeito. Acreditava na existência de um mundo chamado de “mundo das idéias” que era visto como perfeito e imutável (teoria da reminiscência), que existia fora do homem e independente dele. Acreditava também que estas idéias advindas deste mundo externo eram inatas ao homem (nativismo) e que a “alma” antes de encarnar habitava este mundo, e que ao encarnar no corpo esquecia-se destas idéias. O conhecimento advinha então, da lembrança destas idéias adquirida através das experiências. Concebia a existência de um mundo imaterial inerente ao homem, denominado de mente. Concebia o homem como um ser dualista composto de mente X corpo. Visão esta, considerada raiz mestra da história da psicologia. Relacionava à mente conteúdos considerados bons, belos e superiores, enquanto que o corpo era considerado inferior e ruim. A alma seria imortal, mas quando ligada ao corpo, possuía três faculdades: uma sensual, ligada às necessidades corpóreas; outra ligada aos afetos, impulsos e emoções, e a terceira, a racional, que inclui a inteligência e a vontade livre. Como conseqüência deste princípio, a sociedade ideal teria três categorias de homem, determinadas pela educação e expressão das aptidões. São elas: escravos ou servos (responsáveis pelo sustento do corpo: industriais, comerciantes e agricultores), soldados (homens da coragem e da moção) e por último os intelectuais (homens das idéias e da razão). Dentro desta visão, os intelectuais “Homo Sapiens” eram considerados superiores aos soldados e aos escravos “Homo Faber”, visão esta, considerada e utilizada até hoje. A partir desta visão dualista, surgiram duas correntes filosóficas e pedagógicas: a da essência (sua função é auxiliar o homem a ultrapassar-se) e a da existência (seu objetivo é a busca da felicidade).

Fica evidente no filme “O nome da Rosa” a concepção dualista mente X corpo, onde as questões relacionadas ao corpo eram consideradas impuras e as relacionadas à mente, consideradas superiores. Observa-se também a existência das categorias de homem propostas por Platão (escravos, soldados e intelectuais), onde os intelectuais da época eram os homens ligados à igreja (detentores do conhecimento) que tentavam a todo custo impedir que o conhecimento chegasse aos demais.

Aristóteles de Estagira (384 a 322 aC) era discípulo e opositor de Platão e não acreditava na existência do mundo das idéias. Via a criança recém-nascida como uma “tabula rasa”, sem nenhuma bagagem de conhecimento. Acreditava que o conhecimento era adquirido pelas experiências, através dos sentidos. Concebia as sensações como o elemento mais simples e primitivo do conhecimento (empirismo). Ultrapassou o dualismo platônico, pois acreditava que mente e corpo eram indivisíveis e inseparáveis, sendo impossível dizer onde terminava um e iniciava o outro (filosofia da essência). Esta concepção aristotélica constitui um dos fundamentos da Pedagogia da Essência. Aristóteles foi o primeiro homem a escrever tratados sistemáticos de psicologia. Escreveu sobre os sentidos e as sensações, a memória, o sono e a insônia, a geriatria, a extensão e a brevidade da vida, a juventude e a velhice, a vida e a morte e a respiração. Sendo que deu especial atenção à memória, distinguindo vários princípios de associação: associação por igualdade, contraste, contiguidade temporal e espacial. Com isto, conseguiu esclarecer um dos questionamentos principais do período: “Como se adquire conhecimento”.

No final deste período desenvolveram-se duas correntes filosóficas exatamente opostas, o Estoicismo, que defendia que a virtude deveria ser cultivada como valor intrínseco, submetendo o desejo à razão, seguindo a linha da Pedagogia da Essência; e o Epicurismo, que valorizava a felicidade e o prazer, seguindo a linha da Pedagogia da Existência.

Este período foi de extrema importância para a história da psicologia, pois nele surgiram princípios básicos para o seu desenvolvimento, como o nativismo X empirismo, o dualismo corpo X mente, o associacionismo e as pedagogias da essência e da existência.

Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia

PSICOLOGIA CIENTÍFICA - IDADE CONTEMPORÂNEA - SÉCULO XX
Exemplificando através do filme: “NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS”

Neste filme-documentário, o autor Marcelo Masagão faz uma viagem pelo século XX, através de um rico mosaico composto por centenas de imagens de arquivo extraídas de reportagens de TV, fotos antigas, filmes como Powaaqatsi, de Geoffrey Reggio, e clássicos do cinema, como Um Cão Andaluz, de Buñuel e Dalí, e Viagem à Lua, de Georges Meliès, e pouquíssimas legendas.

Dessa forma, o filme reúne os principais fatos históricos, políticos e sociais, relacionando-os com o pensamento “filosófico/psicológico” da época. O século mais movimentado na história do desenvolvimento do conhecimento e das ciências, também foi palco de grandes tragédias, vivenciando a dualidade criação-destruição e a banalização da morte.

No início do século XX a civilização humana progredia a cada ano com os novos conhecimentos adquiridos, desenvolvendo maquinários complexos, produzindo em série na indústria, carros, metrô, telefone, televisão, bombas. Neste momento, o capitalismo começou a se estabelecer, de forma social, econômica e política, em toda Europa. Assim, a necessidade desenfreada de supremacia, desencadeou a 1ª Grande Guerra Mundial, que foi essencialmente imperialista. Neste momento surge o Socialismo na Rússia.

Havia uma sensação, vivenciada coletivamente, de que as ciências iriam sempre descobrir novas soluções para os problemas humanos, assim, a Psicologia científica passou por um processo de reestruturação com o surgimento de grandes escolas psicológicas, como por exemplo, o Behaviorismo com o condicionamento operante, e a Psicanálise com sua busca pela compreensão das perturbações mentais advindas da guerra.

A segunda metade deste século presenciou o desenvolvimento do Socialismo na Rússia, transformando-a na URSS, e sua tentativa de substituir o capitalismo imperialista europeu, que culminou na 2ª Grande Guerra Mundial, com utilização das armas nucleares produzindo destruição em massa. Houveram outras guerras, cujos objetivos variaram desde soberania econômica à religiosa.

Os avanços na relatividade, na quântica, na física nuclear e, nas ciências generativas, como a ciência cognitiva, cibernética, genética e generativa linguística, e na rica produção literária, artística, como no Cinema e na Música, foi uma forma enriquecedora de propagar os pensamentos filosóficos do final do século XX.

Marcelo Masagão, autor do documentário “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”, através da sua sensibilidade fantástica, conseguiu nos mostrar claramente, as dicotomias vivenciadas tão intensamente durante o século XX, como doença e cura, dor e prazer, tristeza e alegria, ignorância e sabedoria.